22 julho 2017

A caminhada

Ela caminhava a esmo... sem direção... não conseguia atinar as ideias... não conseguia saber para onde ir. Só sabia chorar... só conseguia sentir a dor, pungente, intensa... continuou andando... olhou para trás... e o viu... indo em direção contrária, o chapéu baixo, os ombros caídos... apenas sombra do homem que havia sido... ela não conseguia compreender... a dor que vira em seus olhos de conhaque... o desespero em seu olhar... a voz sem modulação... tudo isso lhe dava a ideia de que ele a amava. Então por que motivo decidiu partir?
Continuou indo em frente... não conseguia raciocinar... nem mesmo via ao seu lado as flores ou o grama, logo ela que era amante da natureza... sentia a energia da lua... olhou para o alto... estava cheia... nem isso lhe deu mais ânimo... chorava... as lágrimas escorriam pelo seu rosto... ele havia sido seu grande amor... sabia disso... estava certa de que não encontraria ninguém para ocupar seu lugar. Nem gostaria. Era dele o amor mais puro que havia sentido, e sempre seria. Haviam planejado uma família. E ela não queria isso com outro alguém.
Pensar que haviam se separado devido aos desatinos e desmandos de uma terceira pessoa, que usara a magia contra os dois, fazia com que sua dor só aumentasse. Sabia que era capaz de vencer aquela magia, mas ele tinha medo. E ela não conseguia, mesmo usando sua intuição e seu baralho, convencê-lo do quanto aquilo estava errado.
Continuou seu caminho... o choro agora já mais contido... a dor não. Essa era cada vez maior... mas junto dessa dor sentiu a força da iniciativa. Não permitiria que ele saísse de sua vida pelas mãos de outra pessoa. Se saísse, seria com seus próprios pés, e por não amá-la mais.
Tomou a decisão... levantou o rosto... sorriu para a lua, entre as lágrimas... e voltou.

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